O presente trabalho tem como escopo fundamental o debate acerca da construção, a partir da estrutura midiática reconhecida no contexto neoliberal latino-americano, da figura do inimigo nas projeções culturais contemporâneas de arquétipos colombianos e brasileiros conectados com a figura do tráfico de drogas. Para tanto será utilizado, a partir da fixação teórica criminológica de Rosa del Olmo, a afirmação da existência de uma geopolítica das drogas que, a partir da observância deste, demanda a utilização de um arquétipo cultural que desconsidera o contexto de colonização e dos valores culturais de ambos países em detrimento de um maniqueísmo advindo da “Defesa Social” que impulsiona figura de um inimigo a ser combatido. Esse estudo se insere dentro de uma crítica mais ampla à forma como a mídia, no contexto latino-americano, reforça e perpetua um discurso punitivista e uma visão distorcida da realidade social, ao mesmo tempo que desconsidera as causas estruturais e históricas que geram as desigualdades que alimentam o tráfico de drogas e as violências associadas a ele. Assim, a partir de uma metodologia que toma a técnica de análise de conteúdo (Bardin), será abordada dois exemplos de retórica criminalizante, a saber, Tropa de Elite (José Padilha, Brasil, 2007), e Narcos (Netflix, EUA, 2015), a fim de estabelecer os elementos, concretos e simbólicos, da formação de um “inimigo” descontextualizada de suas raízes históricas formativas, bem como do passado de exclusão social e colonização que ocasionaram contemporâneas Desigualdades sociais.
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